1.
Acalanto
Composição singela e breve, por vezes bem simples, com
onomatopéias, destinada a embalar o sono.
2.
Acróstico
Os acrósticos são formas textuais onde
a primeira letra de cada frase ou verso formam uma palavra ou frase. Podem ser
simples, com frases ou palavras que não tenham ligação entre si ou podem mesmo
ser o encerramento de uma poesia.Eis um exemplo de acróstico simples.
Verdes
Iguais
Desejamos
Amar
Outro exemplo de acróstico:
Mañanita de radiante sol
Acunando ensueños de tierna niñez
Rie princesita,rie con el viento....rie con el sol
Imitando el canto de algun ruiseñor
Alegra tus diaz ,contagia tu felicidad
- Balada
Poema de forma fixa, com as
seguintes características:
a)
três estrofes de 8 versos (oitavas) e uma de 4 versos (quadra)
b)
versos octassílabos (8 sílabas)
c)
rimas cruzadas
d)
paralelismo
- Canção
Há três modalidades de
canção:
a)
trovadoresca:
composição medieval (séc. XII – XIV) galego-portuguesa, acompanhada de
instrumentos musicais.
b)
clássica: criação
da época renascentista (séc. XVI) até o neoclassicismo (séc. XVII). Compõe-se
de três partes: introdução, desenvolvimento e conclusão, com tema de conteúdo
amoroso, moral ou heróico.
c)
Românticas ou
modernas: a partir do romantismo (séc. XIX), adquire maior liberdade formal e
conceitual, tornando-se um poema simples, comportando diversos temas (religião,
nacionalismo, amor...)
- Canção
redonda
Consiste numa variante de
leixa-pren (poema em que o último verso de uma estrofe se repete no primeiro
verso da próxima estrofe; o primeiro verso do poema é também o último)
- Soneto
Ao que tudo indica, o soneto
- do italiano sonetto, pequena canção ou, literalmente, pequeno som - foi
criado no começo do século XIII, na Sicília, onde era cantado na corte de
Frederico II da mesma forma que as tradicionais baladas provençais. Alguns
atribuem a Jacopo (Giacomo) Notaro, um poeta siciliano e imperial de Frederico,
a invenção do soneto, que surgiu como uma espécie de canção ou de letra escrita
para música, possuindo uma oitava e dois tercetos, com melodias diferentes.
O número de linhas e a
disposição das rimas permaneceu variável até que um poeta de Santa Firmina,
Guittone D'Arezzo, tornou-se o primeiro a adotar e aderir definitivamente
àquilo que seria reconhecido como a melhor forma de expressão de uma emoção
isolada, pensamento ou idéia: o soneto. Durante o século XIII, Fra Guittone,
como era conhecido, criou o soneto guitoniano, padronizado, cujo estilo foi
empregado por Petrarca e Dante Aligheri, com pequenas variações. Tais sonetos
são obras marcantes, se considerarmos as circunstâncias em que eles surgiram.
Coube ao fiorentino Francesco
Petrarca aperfeiçoar a estrutura poética iniciada na Sicília, difundindo-a por
toda a Europa em suas viagens. Sua obra engloba 317 sonetos contidos no
"Il Canzoniere", a coletânea de poesia que exerceu inflência sobre
toda a literatura ocidental. As melhores poesias desse livro são dedicadas a
Laura de Novaes, por quem possuía um amor platônico. Destacam-se os recursos
metafóricos e o lirismo erótico dos sonetos.
Dante Alighieri, o autor da
consagrada "A Divina Comédia", e também um seguidor de Guittone, em
sua infância já compunha sonetos amorosos. Seu amor impossível por Beatriz
(provavelmente Beatrice Portinari) foi imortalizado em vários sonetos em
"Vita Nuova", seu primeiro trabalho literário de grande importância.
Anos se passaram até que dois
ícones da literatura mundial, um inglês e um português, deram ao soneto, cada
um ao seu modo, o toque de mestre: William Shakespeare e Luis de Camões.
Camões freqüentou a nobreza em
Portugal, mas foi exilado por suas posições políticas. Passou alguns anos na
prisão, de onde saiu com "Os lusíadas", uma obra que o colocou entre
os maiores poetas de todos os tempos. Apesar disso, morreu pobre. Escreveu
diversos sonetos, tendo o amor como tema principal.
Shakespeare, além de
teatrólogo, desenvolveu uma habilidade única na poesia. O seu soneto, o soneto
inglês, é composto por três quartetos e um dístico, diferente da composição
original de Petrarca. O mais célebre dos escritores ingleses escreveu diversos
poemas, alguns deles recheados de metáforas. Curiosamente, sua obra Romeu e
Julieta destaca um soneto, bem no início do diálogo entre os seus
protagonistas...
Desde então, o soneto
adquiriu importância ao redor do mundo, tornando-se a melhor representação da
poesia lírica. Alguns casos são notáveis: o poeta russo Aleksandr Pushkin
compôs Eugene Onegin, um poema repleto de sonetos adotado por Tchaikovsky para
compor uma de suas óperas; o francês Charles Baudelaire ajudou a divulgar os
versos alexandrinos em Les Fleurs du Mal. Até Vivaldi usou-se de sonetos.
E por falar em versos
alexandrinos, utilizados por muitos sonetistas, eles remontam - segundo alguns
dicionários da língua portuguesa - a uma obra francesa do século XII chamada Le
Roman d'Alexandre, e significam versos de DOZE sílabas poéticas. Porém, os
dicionários da língua espanhola - apesar de apontarem para a mesma origem -
insistem em afirmar que os versos alexandrinos são aqueles que contêm CATORZE
sílabas gramaticais. Dê uma olhada nos versos que influenciaram decisivamente a
poesia na Alta Idade Média e que eternizaram o nome de seu autor e de sua obra,
e decida qual a melhor definição...
Finalmente, após aderir ao
humanismo e ao estilo barroco, o poema dos catorze versos acabou sendo
desprezado pelos iluministas. No século XIX, ele voltou a ser cultivado, com
mais fervor, por românticos, parnasianos e simbolistas, sobrevivendo ao verso
livre do modernismo - que viria em seguida - até os dias atuais.
Sonetos no Brasil
Gregório de Mattos foi um dos
primeiros sonetistas em terras brasileiras. Nascido na Bahia, revoltou-se
contra o governo e a Igreja e passou a escrever obras satíricas, algumas de
caráter pornográfico. Era conhecido como "Boca do Inferno" por seus
versos e chegou a ser denunciado à Inquisição. Sua obra "Pequei, Senhor,
mas não porque hei pecado" é uma das que mais aparecem nas provas de
vestibular.
Quando o arcadismo apareceu
no Brasil, quase ao mesmo tempo que em Portugal, um de seus representantes foi
o mineiro Cláudio Manuel da Costa, que em Vila Rica (Ouro Preto) juntou-se a
Tomás Antônio Gonzaga. Gonzaga foi outro sonetista de grande importância e
autor da obra que o tornou o mais famoso dos árcades brasileiros: "Marília
de Dirceu". Ambos foram presos acusados de terem participado da Conjuração
Mineira.
O romantismo em seguida viria
a conhecer diversos imortais da poesia. Compuseram sonetos Gonçalves Dias,
Álvares de Azevedo, Fagundes Varela, Augusto dos Anjos, Castro Alves entre
outros. Suas obras ilustram as três fases da era romântica, período cuja
importância literária promoveu uma verdadeira revolução na cultura brasileira.
Olavo Bilac introduziu o
parnasianismo em seus sonetos grandiosos pela devoção ao culto da palavra e ao
estudo da língua portuguesa. É o autor do "Hino à Bandeira". Juntos a
ele escreveram sonetos Cruz e Souza e Alphonsus de Guimaraes, esse último
representante do simbolismo e um dos autores que apresentaram maior misticismo
em nossa literatura.
Do pré-modernismo e do
modernismo, estilo que perdura até hoje, surgiram escritores célebres. Alguns
exemplos de sonetistas são Machado de Assis (com sua maravilhosa obra "A
Carolina"), Fernando Pessoa, Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira e
Vinícius de Moraes.
- Oitava italiana
Forma criada pelos italianos
para a estrofe de oito versos decassílabos, com rima aguda no quarto e no
último, podendo ser brancos o primeiro e o quinto, e não havendo especificações
quanto aos demais.
- Terça Rima
Tipo de poema estrófico usado
por Dante na Divina Comédia, e constituído por uma série de tercetos cujos
versos primeiro e terceiro rimam entre si e com o segundo da estrofe anterior.
- Haicai
Tipo de poema japonês de
forma fixa, formado de 17 sílabas distribuídas em três versos (5-7-5) sem rima,
como toda a poesia nipônica. O gênero foi imortalizado pelo grande poeta Matsuo
Bashô, do século XVIII. Para se chegar ao limite da beleza e sonoridade de um
haicai é desejável criar uma espécie de cascata rítmica perpetrada pela
sonoridade interna, que pode ser conseguida com versos leoninos. Ex.:
Uma
folha morta,
Um
galho no céu grisalho,
Fecho
a minha porta.
O haicai desembarcou no Brasil em 1919 com o poeta Afrânio
Peixoto , e de lá para cá viveu momentos diversos: ganhou rima, perdeu rima, ganhou título,
perdeu título, movimentou polêmicas acerca de sua forma e dividiu correntes.Uma
das correntes defende o tradicional haicai japonês. Seguida
inicialmente por imigrantes japoneses, como Teruko Oda,
define haikai como um poema de três versos, escrito em linguagem simples, sem
rima, com dezessete sílabas poéticas (sendo cinco no primeiro verso, sete no
segundo e cinco no terceiro), e com uma referência à natureza expressa por uma
palavra (o chamado kigô), que deve representar também a estação do ano. Alguns
nomes que vêm se destacando nessa corrente: Edson K. Iura, Francisco Handa, Douglas Eden Brotto, Francisco Pichorim, Paulo
Franchetti, Luis Antônio Pimentel, Antônio Seixas, Jorge Fonseca Ramos, Wandi Doratiotto e outros. A primeira incursão do
haikai no Brasil,
entretanto, foi através de Guilherme de Almeida, para quem o haikai deve ter
estrutura métrica
rígida, rima e título. Em um esquema proposto por Almeida, a 5ª sílaba do 1º
verso rima com a 5ª sílaba do 3º verso, e o 2º verso possui rima interna (2ª
com 7ª sílaba). A terceira corrente incorpora o haicai à tradição brasileira,
não valorizando tanto a métrica nem o kigô. São poetas como Paulo
Leminski, Helena Kolody, Millôr Fernandes, Alice Ruiz
e mais recentemente César Silveira, que além de questionar a forma do
haikai, ampliam suas possibilidades temáticas. Chega-se a ter, hoje, haicais
com temática erótica, como os de Olga Savary.- Décima
Poema de uma estrofe de dez
versos redondilhas maiores.
- Elegia
a elegia, assim como a Ode, tem extensôes variadas. O que difere-as é que a elegia trata de acontecimentos infelizes do próprio autor ou da sociedade. Contudo, a elegia na antigüidade era uma composição da poesia lírica (ou mélica) monódica, aparentada à épica pela sua forma. Possuia a mesma unidade rítica desta, o dáctilo (ou dátilo: uma sílaba longa e duas breves), revezando-se com o espondeu (duas sílabas longas), na conformação do verso. Mas diferentemente da épica, que possuia seis pés (seis sílabas longas no verso) formando o hexâmetro, a elegia compunha-se de um verso em hexâmetro e um em pentâmetro (cinco sílabas longas no verso), formando o dístico elegíaco. A nova estrutura permitia tipo diferenciado de composição. Havia vários tipos de elegia, conforme seu conteúdo: elegia marcial ou guerreira, elegia amorosa e hedonista, elegia moral e filosófia, elegia gnômica. O declamador era acompanhado por um tocador de aulos.
- Epitalâmio
- Ode
Do dicionário Houaiss da língua portuguesa temos:
- 1 entre os antigos gregos, poema lírico destinado ao canto.
- 2 poema lírico composto de estrofes de versa igual, sempre de tom
alegre e entusiástico
- Écloga
- Madrigal
Poema de origem italiana,
constituído de uma estrofe curta, com, em geral, dez versos redondilhas ou
decassílabos. Manuel Bandeira compôs madrigais de seis estrofes (um terceto,
duas quadras, uma quintilha e uma sextilha).
- Noturno
Mais empregado na música, tem
caráter meditativo, com intensidade melancólica, tom de elegia e de grande
tristeza.
- Rondó
O rondó é uma forma de
composição musical seccionada, estruturada a partir de um tema principal e
vários temas secundários (normalmente dois ou três), sempre intercalados pela
repetição do tema principal. Surgida na Idade Média, foi largamente adotada a
partir do Classicismo no último movimento das sonatas e das sinfonias.
O termo "rondó"
pode ainda designar um gênero literário, constituído da mesma estrutura.
- Rondel
Poema de forma fixa, com duas
quadras e uma quintilha, em que os dois primeiros versos da primeira quadra são
os dois últimos versos da segunda quadra e o primeiro verso da primeira quadra
é o último verso da quintilha.
- Vilancete
Vilancete (ou Vilancico) era
uma forma poética comum na Península Ibérica, na época da Renascença. Os
vilancetes podiam também ser adaptados para música: muitos compositores
ibéricos dos séculos XV e XVI, como Juan del Encina ou o português Pedro de
Escobar compuseram vilancetes musicais.
Este tipo de poema tem um mote
- o início do poema que, na música, funciona como refrão - seguido de uma ou
mais estrofes - as voltas, coplas ou glosas - cada uma com 7 versos. A
diferença entre o vilancete e a cantiga depende do número de versos no mote: se
houver 2 ou 3 é um vilancete, se houver 4 ou mais é uma cantiga.
Cada verso de um vilancete
está normalmente dividido em cinco ou sete sílabas métricas ("medida
velha").
Se o último verso do mote se
repetir no fim da estrofe, diz-se que o vilancete é perfeito.
Eis um exemplo de um
vilancete, escrito por Luís de Camões:
(Mote:)
Enforquei minha Esperança;
Mas Amor foi tão madraço,
Que lhe cortou o baraço.
(Volta:)
Foi a Esperança julgada
Por setença da Ventura
Que, pois me teve à pendura,
Que fosse dependurada:
Vem Cupido com a espada,
Corta-lhe cerce o baraço.
Cupido, foste madraço.
Como se pode ver, o esquema
rimático é: abb cddc cbb, que era o mais comum.
O tema dos vilancetes era
normalmente a saudade, o campo e os pastores, a 'mulher perfeita' e amor
não-correspondido e consequente sofrimento. Os poetas ibéricos foram fortemente
influenciados por Francesco Petrarca, um poeta italiano.
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