sexta-feira, 10 de julho de 2015

Composições textuais

1.      Acalanto

Composição singela e breve, por vezes bem simples, com onomatopéias, destinada a embalar o sono.

2.      Acróstico

Os acrósticos são formas textuais onde a primeira letra de cada frase ou verso formam uma palavra ou frase. Podem ser simples, com frases ou palavras que não tenham ligação entre si ou podem mesmo ser o encerramento de uma poesia.

Eis um exemplo de acróstico simples.

Verdes
Iguais
Desejamos
Amar
Outro exemplo de acróstico:
Mañanita de radiante sol
Acunando ensueños de tierna niñez
Rie princesita,rie con el viento....rie con el sol
Imitando el canto de algun ruiseñor
Alegra tus diaz ,contagia tu felicidad

  1. Balada

Poema de forma fixa, com as seguintes características:
a) três estrofes de 8 versos (oitavas) e uma de 4 versos (quadra)
b) versos octassílabos (8 sílabas)
c) rimas cruzadas
d) paralelismo

  1. Canção

Há três modalidades de canção:
a)      trovadoresca: composição medieval (séc. XII – XIV) galego-portuguesa, acompanhada de instrumentos musicais.
b)      clássica: criação da época renascentista (séc. XVI) até o neoclassicismo (séc. XVII). Compõe-se de três partes: introdução, desenvolvimento e conclusão, com tema de conteúdo amoroso, moral ou heróico.
c)      Românticas ou modernas: a partir do romantismo (séc. XIX), adquire maior liberdade formal e conceitual, tornando-se um poema simples, comportando diversos temas (religião, nacionalismo, amor...)

  1. Canção redonda

Consiste numa variante de leixa-pren (poema em que o último verso de uma estrofe se repete no primeiro verso da próxima estrofe; o primeiro verso do poema é também o último)

  1. Soneto

Ao que tudo indica, o soneto - do italiano sonetto, pequena canção ou, literalmente, pequeno som - foi criado no começo do século XIII, na Sicília, onde era cantado na corte de Frederico II da mesma forma que as tradicionais baladas provençais. Alguns atribuem a Jacopo (Giacomo) Notaro, um poeta siciliano e imperial de Frederico, a invenção do soneto, que surgiu como uma espécie de canção ou de letra escrita para música, possuindo uma oitava e dois tercetos, com melodias diferentes.
O número de linhas e a disposição das rimas permaneceu variável até que um poeta de Santa Firmina, Guittone D'Arezzo, tornou-se o primeiro a adotar e aderir definitivamente àquilo que seria reconhecido como a melhor forma de expressão de uma emoção isolada, pensamento ou idéia: o soneto. Durante o século XIII, Fra Guittone, como era conhecido, criou o soneto guitoniano, padronizado, cujo estilo foi empregado por Petrarca e Dante Aligheri, com pequenas variações. Tais sonetos são obras marcantes, se considerarmos as circunstâncias em que eles surgiram.
Coube ao fiorentino Francesco Petrarca aperfeiçoar a estrutura poética iniciada na Sicília, difundindo-a por toda a Europa em suas viagens. Sua obra engloba 317 sonetos contidos no "Il Canzoniere", a coletânea de poesia que exerceu inflência sobre toda a literatura ocidental. As melhores poesias desse livro são dedicadas a Laura de Novaes, por quem possuía um amor platônico. Destacam-se os recursos metafóricos e o lirismo erótico dos sonetos.
Dante Alighieri, o autor da consagrada "A Divina Comédia", e também um seguidor de Guittone, em sua infância já compunha sonetos amorosos. Seu amor impossível por Beatriz (provavelmente Beatrice Portinari) foi imortalizado em vários sonetos em "Vita Nuova", seu primeiro trabalho literário de grande importância.
Anos se passaram até que dois ícones da literatura mundial, um inglês e um português, deram ao soneto, cada um ao seu modo, o toque de mestre: William Shakespeare e Luis de Camões.
Camões freqüentou a nobreza em Portugal, mas foi exilado por suas posições políticas. Passou alguns anos na prisão, de onde saiu com "Os lusíadas", uma obra que o colocou entre os maiores poetas de todos os tempos. Apesar disso, morreu pobre. Escreveu diversos sonetos, tendo o amor como tema principal.
Shakespeare, além de teatrólogo, desenvolveu uma habilidade única na poesia. O seu soneto, o soneto inglês, é composto por três quartetos e um dístico, diferente da composição original de Petrarca. O mais célebre dos escritores ingleses escreveu diversos poemas, alguns deles recheados de metáforas. Curiosamente, sua obra Romeu e Julieta destaca um soneto, bem no início do diálogo entre os seus protagonistas...
Desde então, o soneto adquiriu importância ao redor do mundo, tornando-se a melhor representação da poesia lírica. Alguns casos são notáveis: o poeta russo Aleksandr Pushkin compôs Eugene Onegin, um poema repleto de sonetos adotado por Tchaikovsky para compor uma de suas óperas; o francês Charles Baudelaire ajudou a divulgar os versos alexandrinos em Les Fleurs du Mal. Até Vivaldi usou-se de sonetos.
E por falar em versos alexandrinos, utilizados por muitos sonetistas, eles remontam - segundo alguns dicionários da língua portuguesa - a uma obra francesa do século XII chamada Le Roman d'Alexandre, e significam versos de DOZE sílabas poéticas. Porém, os dicionários da língua espanhola - apesar de apontarem para a mesma origem - insistem em afirmar que os versos alexandrinos são aqueles que contêm CATORZE sílabas gramaticais. Dê uma olhada nos versos que influenciaram decisivamente a poesia na Alta Idade Média e que eternizaram o nome de seu autor e de sua obra, e decida qual a melhor definição...
Finalmente, após aderir ao humanismo e ao estilo barroco, o poema dos catorze versos acabou sendo desprezado pelos iluministas. No século XIX, ele voltou a ser cultivado, com mais fervor, por românticos, parnasianos e simbolistas, sobrevivendo ao verso livre do modernismo - que viria em seguida - até os dias atuais.

Sonetos no Brasil

Gregório de Mattos foi um dos primeiros sonetistas em terras brasileiras. Nascido na Bahia, revoltou-se contra o governo e a Igreja e passou a escrever obras satíricas, algumas de caráter pornográfico. Era conhecido como "Boca do Inferno" por seus versos e chegou a ser denunciado à Inquisição. Sua obra "Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado" é uma das que mais aparecem nas provas de vestibular.
Quando o arcadismo apareceu no Brasil, quase ao mesmo tempo que em Portugal, um de seus representantes foi o mineiro Cláudio Manuel da Costa, que em Vila Rica (Ouro Preto) juntou-se a Tomás Antônio Gonzaga. Gonzaga foi outro sonetista de grande importância e autor da obra que o tornou o mais famoso dos árcades brasileiros: "Marília de Dirceu". Ambos foram presos acusados de terem participado da Conjuração Mineira.
O romantismo em seguida viria a conhecer diversos imortais da poesia. Compuseram sonetos Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo, Fagundes Varela, Augusto dos Anjos, Castro Alves entre outros. Suas obras ilustram as três fases da era romântica, período cuja importância literária promoveu uma verdadeira revolução na cultura brasileira.
Olavo Bilac introduziu o parnasianismo em seus sonetos grandiosos pela devoção ao culto da palavra e ao estudo da língua portuguesa. É o autor do "Hino à Bandeira". Juntos a ele escreveram sonetos Cruz e Souza e Alphonsus de Guimaraes, esse último representante do simbolismo e um dos autores que apresentaram maior misticismo em nossa literatura.
Do pré-modernismo e do modernismo, estilo que perdura até hoje, surgiram escritores célebres. Alguns exemplos de sonetistas são Machado de Assis (com sua maravilhosa obra "A Carolina"), Fernando Pessoa, Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira e Vinícius de Moraes.

  1. Oitava italiana

Forma criada pelos italianos para a estrofe de oito versos decassílabos, com rima aguda no quarto e no último, podendo ser brancos o primeiro e o quinto, e não havendo especificações quanto aos demais.

  1. Terça Rima

Tipo de poema estrófico usado por Dante na Divina Comédia, e constituído por uma série de tercetos cujos versos primeiro e terceiro rimam entre si e com o segundo da estrofe anterior.

  1. Haicai

Tipo de poema japonês de forma fixa, formado de 17 sílabas distribuídas em três versos (5-7-5) sem rima, como toda a poesia nipônica. O gênero foi imortalizado pelo grande poeta Matsuo Bashô, do século XVIII. Para se chegar ao limite da beleza e sonoridade de um haicai é desejável criar uma espécie de cascata rítmica perpetrada pela sonoridade interna, que pode ser conseguida com versos leoninos. Ex.:
Uma folha morta,
Um galho no céu grisalho,
Fecho a minha porta.
O haicai desembarcou no Brasil em 1919 com o poeta Afrânio Peixoto , e de lá para cá viveu momentos diversos: ganhou rima, perdeu rima, ganhou título, perdeu título, movimentou polêmicas acerca de sua forma e dividiu correntes.Uma das correntes defende o tradicional haicai japonês. Seguida inicialmente por imigrantes japoneses, como Teruko Oda, define haikai como um poema de três versos, escrito em linguagem simples, sem rima, com dezessete sílabas poéticas (sendo cinco no primeiro verso, sete no segundo e cinco no terceiro), e com uma referência à natureza expressa por uma palavra (o chamado kigô), que deve representar também a estação do ano. Alguns nomes que vêm se destacando nessa corrente: Edson K. Iura, Francisco Handa, Douglas Eden Brotto, Francisco Pichorim, Paulo Franchetti, Luis Antônio Pimentel, Antônio Seixas, Jorge Fonseca Ramos, Wandi Doratiotto e outros. A primeira incursão do haikai no Brasil, entretanto, foi através de Guilherme de Almeida, para quem o haikai deve ter estrutura métrica rígida, rima e título. Em um esquema proposto por Almeida, a 5ª sílaba do 1º verso rima com a 5ª sílaba do 3º verso, e o 2º verso possui rima interna (2ª com 7ª sílaba). A terceira corrente incorpora o haicai à tradição brasileira, não valorizando tanto a métrica nem o kigô. São poetas como Paulo Leminski, Helena Kolody, Millôr Fernandes, Alice Ruiz e mais recentemente César Silveira, que além de questionar a forma do haikai, ampliam suas possibilidades temáticas. Chega-se a ter, hoje, haicais com temática erótica, como os de Olga Savary.

  1. Décima

Poema de uma estrofe de dez versos redondilhas maiores.

  1. Elegia
Modernamente, elegia é um poema de tom terno e triste. Geralmente é uma lamentação pelo falecimento de um personagem público ou um ser querido. Vale ressaltar que na elegia também há digressões moralizantes destinadas a ajudar ouvintes ou leitores a suportar momentos difíceis. Por extensão, designa toda reflexão poética sobre a morte:
a elegia, assim como a Ode, tem extensôes variadas. O que difere-as é que a elegia trata de acontecimentos infelizes do próprio autor ou da sociedade. Contudo, a elegia na antigüidade era uma composição da poesia lírica (ou mélica) monódica, aparentada à épica pela sua forma. Possuia a mesma unidade rítica desta, o dáctilo (ou dátilo: uma sílaba longa e duas breves), revezando-se com o espondeu (duas sílabas longas), na conformação do verso. Mas diferentemente da épica, que possuia seis pés (seis sílabas longas no verso) formando o hexâmetro, a elegia compunha-se de um verso em hexâmetro e um em pentâmetro (cinco sílabas longas no verso), formando o dístico elegíaco. A nova estrutura permitia tipo diferenciado de composição. Havia vários tipos de elegia, conforme seu conteúdo: elegia marcial ou guerreira, elegia amorosa e hedonista, elegia moral e filosófia, elegia gnômica. O declamador era acompanhado por um tocador de aulos.

  1. Epitalâmio
Epitalâmio (do grego epithalámion - epi, sobre + thalamium, o tálamo, ou quarto nupcial), é um cântico nupcial de natureza religiosa, destinado a reinvidicar para os noivos a benção dos deuses, em especial de Himeneu, a divindade protetora dos enlaces matrimoniais.

  1. Ode
Ode é uma composição poética que se divide em estrofes semelhantes entre si, tanto pelo número como pela medida dos versos.
Do dicionário Houaiss da língua portuguesa temos:
  • 1 entre os antigos gregos, poema lírico destinado ao canto.
  • 2 poema lírico composto de estrofes de versa igual, sempre de tom alegre e entusiástico
Poema lírico de forma complexa e variável. Surgiu na Grécia Antiga, onde era cantado com acompanhamento musical. A ode caracteriza-se pelo tom elevado e sublime com que trata determinado assunto. As literaturas ocidentais modernas aproveitaram sobretudo, do ponto de vista da forma, a ode composta por três unidades estróficas, correspondentes, no desenvolvimento da idéia do poema, à estrofe, à antístrofe (cantada pelo coro, originalmente) e ao epodo (conclusão do poema). A ode comportava uma série de esquemas métricos e rítmicos, de acordo com os quais era classificada.

  1. Écloga
Pequeno poema pastoral que apresenta,na maioria das vezes,a forma de um diálogo entre pastores ou de um solilóquio.O termo foi inicialmente aplicado aos poemas bucólicos de Virgílio,que imitava os Idílios,de Teócrito;a obra de Virgílio tornou-se conhecida,convencionalmente,como Éclogas(42-37 a.C.).

  1. Madrigal

Poema de origem italiana, constituído de uma estrofe curta, com, em geral, dez versos redondilhas ou decassílabos. Manuel Bandeira compôs madrigais de seis estrofes (um terceto, duas quadras, uma quintilha e uma sextilha).

  1. Noturno

Mais empregado na música, tem caráter meditativo, com intensidade melancólica, tom de elegia e de grande tristeza.

  1. Rondó
O rondó é uma forma de composição musical seccionada, estruturada a partir de um tema principal e vários temas secundários (normalmente dois ou três), sempre intercalados pela repetição do tema principal. Surgida na Idade Média, foi largamente adotada a partir do Classicismo no último movimento das sonatas e das sinfonias.

O termo "rondó" pode ainda designar um gênero literário, constituído da mesma estrutura.

  1. Rondel

Poema de forma fixa, com duas quadras e uma quintilha, em que os dois primeiros versos da primeira quadra são os dois últimos versos da segunda quadra e o primeiro verso da primeira quadra é o último verso da quintilha.

  1. Vilancete

Vilancete (ou Vilancico) era uma forma poética comum na Península Ibérica, na época da Renascença. Os vilancetes podiam também ser adaptados para música: muitos compositores ibéricos dos séculos XV e XVI, como Juan del Encina ou o português Pedro de Escobar compuseram vilancetes musicais.

Este tipo de poema tem um mote - o início do poema que, na música, funciona como refrão - seguido de uma ou mais estrofes - as voltas, coplas ou glosas - cada uma com 7 versos. A diferença entre o vilancete e a cantiga depende do número de versos no mote: se houver 2 ou 3 é um vilancete, se houver 4 ou mais é uma cantiga.

Cada verso de um vilancete está normalmente dividido em cinco ou sete sílabas métricas ("medida velha").

Se o último verso do mote se repetir no fim da estrofe, diz-se que o vilancete é perfeito.

Eis um exemplo de um vilancete, escrito por Luís de Camões:

(Mote:)

Enforquei minha Esperança;
Mas Amor foi tão madraço,
Que lhe cortou o baraço.
(Volta:)

Foi a Esperança julgada
Por setença da Ventura
Que, pois me teve à pendura,
Que fosse dependurada:
Vem Cupido com a espada,
Corta-lhe cerce o baraço.
Cupido, foste madraço.
Como se pode ver, o esquema rimático é: abb cddc cbb, que era o mais comum.


O tema dos vilancetes era normalmente a saudade, o campo e os pastores, a 'mulher perfeita' e amor não-correspondido e consequente sofrimento. Os poetas ibéricos foram fortemente influenciados por Francesco Petrarca, um poeta italiano.

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