Conceito
Diferente do que muitas pessoas pensam, a
síndrome de Down é uma alteração genética que ocorre por ocasião da formação do
bebê, no início da gravidez.
A denominação síndrome de Down é resultado
da descrição de Langdon Down, médico inglês que, pela primeira vez,
identificou, em 1866, as características de uma criança com a síndrome. Em cada
célula do indivíduo existe um total de 46 cromossomos, divididos em 23 pares. A
pessoa com síndrome de Down possui 47 cromossomos, sendo o cromossomo extra
ligado ao par 21.
A síndrome de Down é a forma mais
freqüente de retardo mental causada por uma aberração cromossômica
microscopicamente demonstrável. É caracterizada por história natural e aspectos
fenotípicos bem definidos. É causada pela ocorrência de três (trissomia)
cromossomos 21, na sua totalidade ou de uma porção fundamental dele.
Características
Clínicas
A
síndrome de Down, uma combinação específica de características fenotípicas que
inclui retardo mental e uma face típica, é causada pela existência de três
cromossomos 21 (um a mais do que o normal, trissomia do 21), uma das
anormalidades cromossômicas mais comuns em nascidos vivos.
É
sabido, há muito tempo, que o risco de ter uma criança com trissomia do 21
aumenta com a idade materna. Por exemplo, o risco de ter um recém-nascido com
síndrome de Down, se a mãe tem 30 anos é de 1 em 1.000, se a mãe tiver 40 anos,
o risco é de 9 em 1.000. Na população em geral, a freqüência da síndrome de
Down é de 1 para cada 650 a 1.000 recém-nascidos vivos e cerca de 85% dos casos
ocorre em mães com menos de 35 anos de idade.
As
pessoas com síndrome de Down costumam ser menores e ter um desenvolvimento
físico e mental mais lento que as pessoas sem a síndrome. A maior parte dessas
pessoas tem retardo mental de leve a moderado; algumas não apresentam retardo e
se situam entre as faixas limítrofes e médias baixa, outras ainda podem ter
retardo mental severo.
Existe
uma grande variação na capacidade mental e no progresso desenvolvimental das
crianças com síndrome de Down. O desenvolvimento motor destas crianças também é
mais lento. Enquanto as crianças sem síndrome costumam caminhar com 12 a 14
meses de idade, as crianças afetadas geralmente aprendem a andar com 15 a 36 meses.
O desenvolvimento da linguagem também é bastante atrasado.
É importante frisar que um
ambiente amoroso e estimulante, intervenção precoce e esforços integrados de
educação irão sempre influenciar positivamente o desenvolvimento desta criança.
Embora
as pessoas com síndrome de Down tenham características físicas específicas,
geralmente elas têm mais semelhanças do que diferenças com a população em
geral. As características físicas são importantes para o médico fazer o
diagnóstico clínico; porém, a sua presença não tem nenhum outro significado.
Nem sempre a criança com síndrome de Down apresenta todas as características;
algumas podem ter somente umas poucas, enquanto outras podem mostrar a maioria
dos sinais da síndrome.
Algumas
das características físicas das crianças com síndrome de Down são:
achatamento da parte de trás da cabeça,
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inclinação das fendas palpebrais,
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pequenas dobras de pele no canto interno
dos olhos,
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língua proeminente,
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ponte nasal achatada,
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orelhas ligeiramente menores,
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boca pequena,
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tônus muscular diminuído,
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ligamentos soltos,
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mãos e pés pequenos,
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pele na nuca em excesso.
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Aproximadamente
cinqüenta por cento de todas as crianças com a síndrome têm uma linha que cruza
a palma das mãos (linha simiesca), e há, freqüentemente, um espaço aumentado
entre o primeiro e segundo dedos do pé. Freqüentemente estas crianças
apresentam mal-formações congênitas maiores.
As
principais são as do coração (30-40% em alguns estudos), especialmente canal
atrioventricular, e as mal-formações do trato gastrointestinal, como estenose
ou atresia do duodeno, imperfuração anal, e doença de Hirschsprung.
Alguns
tipos de leucemia e a reação leucemóide têm incidência aumentada na síndrome de
Down. Estimativas do risco relativo de leucemia têm variado de 10 a 20
vezes maior do que na população normal; em especial a leucemia megacariocítica
aguda ocorre 200 a 400 vezes mais nas pessoas com síndrome de Down do
que na população cromossomicamente normal. Reações leucemóides transitórias têm
sido relatadas repetidamente no período neonatal.
Entre
oitenta e noventa por cento das pessoas com síndrome de Down têm algum tipo de
perda auditiva, geralmente do tipo de condução. Pacientes com síndrome de Down
desenvolvem as características neuropatológicas da doença de Alzheimer
em uma idade muito mais precoce do que indivíduos com Alzheimer e sem a
trissomia do 21.
Citogenética
A maior
parte dos indivíduos (95%) com trissomia do 21 tem três cópias livres do cromossomo
21; em aproximadamente 5% dos pacientes, uma cópia é translocada para outro
cromossomo acrocêntrico, geralmente o 14, o 21 ou o 22. Em 2 a 4% dos casos com
trissomia do 21 livre, há mosaicismo, isto é, uma linhagem de células com
trissomia e uma linhagem de células normal na mesma pessoa.
Aconselhamento
genético
Pais que
têm uma criança com síndrome de Down têm um risco aumentado de ter outra
criança com a síndrome em gravidezes futuras. É calculado que o risco de ter
outra criança afetada é aproximadamente 1 em 100 na trissomia do 21 e no
mosaicismo. Porém, se a criança tem síndrome de Down por translocação e
se um dos pais é portador de translocação (o que ocorre em um terço dos casos),
então o risco de recorrência aumenta sensivelmente. O risco real depende do
tipo de translocação e se o portador da translocação é o pai ou a mãe.
Cuidados
especiais
As
crianças com síndrome de Down necessitam do mesmo tipo de cuidado
clínico que qualquer outra criança. Contudo, há situações que exigem alguma atenção
especial.
Oitenta a noventa por cento das crianças
com síndrome de Down têm deficiências de audição. Avaliações
audiológicas precoces e exames de seguimento são indicados.
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Trinta a quarenta por cento destas
crianças têm alguma doença congênita do coração. Muitas destas crianças terão
que se submeter a uma cirurgia cardíaca e, freqüentemente precisarão dos
cuidados de um cardiologista pediátrico por longo prazo.
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Anormalidades intestinais também acontecem
com uma freqüência maior em crianças com síndrome de Down. Por
exemplo, estenose ou atresia do duodeno, imperfuração anal e doença de
Hirschsprung. Estas crianças também podem necessitar de correção cirúrgica
imediata destes problemas.
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Crianças com síndrome de Down
freqüentemente têm mais problemas oculares que outras crianças. Por exemplo,
três por cento destas crianças têm catarata. Elas precisam ser tratadas
cirurgicamente. Problemas oculares como estrabismo, miopia, e outras
condições são freqüentemente observadas em crianças com síndrome de Down.
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Outra preocupação relaciona-se aos
aspectos nutricionais. Algumas crianças, especialmente as com doença cardíaca
severa, têm dificuldade constante em ganhar peso. Por outro lado, obesidade é
freqüentemente vista durante a adolescência. Estas condições podem ser
prevenidas pelo aconselhamento nutricional apropriado e orientação dietética
preventiva.
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Deficiências de hormônios tireoideanos são
mais comuns em crianças com síndrome de Down do que em crianças
normais. Entre 15 e 20 por cento das crianças com a síndrome têm
hipotireoidismo. É importante identificar as crianças com síndrome de Down
que têm problemas de tireóide, uma vez que o hipotireoidismo pode comprometer
o funcionamento normal do sistema nervoso central.
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Problemas ortopédicos também são vistos
com uma freqüência mais alta em crianças com síndrome de Down. Entre
eles incluem-se a subluxação da rótula (deslocamento incompleto ou parcial),
luxação de quadril e instabilidade de atlanto-axial. Esta última condição
acontece quando os dois primeiros ossos do pescoço não são bem alinhados
devido à presença de frouxidão dos ligamentos. Aproximadamente 15% das
pessoas com síndrome de Down têm instabilidade atlanto-axial. Porém, a
maioria destes indivíduos não tem nenhum sintoma, e só 1 a 2 por cento de
indivíduos com esta síndrome têm um problema de pescoço sério o suficiente
para requerer intervenção cirúrgica.
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Outros aspectos médicos importantes na
síndrome de Down incluem problemas imunológicos, leucemia, doença de Alzheimer,
convulsões, apneia do sono e problemas de pele. Todos estes podem requerer a
atenção de especialistas.
Fontes Bibliográficas:
KIRK, S; GALLAGHER, J. A educação da criança excepcional. 2. ed. São Paulo: Martins fontes, 1991 |
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