segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Tipos textuais



De acordo com as diferentes situações de uso, os enunciados se organizam e se agrupam em tipos, conforme a finalidade da comunicação. Quando um indivíduo utiliza a língua para se comunicar, sempre o faz por meio de um tipo de texto, conscientemente ou não. Nesse sentido, a língua se realiza por enunciados, orais ou escritos, previamente dominados pelo indivíduo. Caso não fosse assim, a comunicação se tornaria praticamente inviável.
Os enunciados são utilizados – de maneira organizada e agrupada – em toda atividade humana. Essas atividades caracterizam-se por objetivos específicos e por condições especiais de uso, tornando os enunciados emitidos pelos indivíduos relativamente estáveis, comumente associados às atividades. Os enunciados, mesmo variando em extensão, conteúdo e estrutura, conservam características comuns, e são denominados gêneros do discurso ou gêneros textuais.
A primeira classificação que se pode fazer dos textos encontrados com mais frequência no dia a dia é bastante reducionista e abrangente, provavelmente herdada da cultura greco-latina. Formam-se dois únicos grupos: o dos textos literários e o dos textos não-literários. No primeiro grupo, estariam os textos ligados à literatura e, portanto, ficcionais, como conto, crônica, poesia, novela etc. No segundo, os informativos: notícias, avisos, propaganda, outdoors, verbetes enciclopédicos.

Outra classificação agrupa os textos em três grupos, segundo sua funcionalidade:

Textos práticos – relacionados às ações do cotidiano, apresentam estrutura simples, como cartazes, placas, bilhetes, manchetes, notícias, propagandas, relatos;

Textos científicos – objetivam proporcionar o acesso ao conhecimento das diferentes áreas do saber. Utilizam uma linguagem mais formal. São os verbetes de dicionário e enciclopédia, os tratados científicos, matérias jornalísticas e até as anotações escolares;

Textos literários – preocupam-se mais com a linguagem e não com a informação. Geralmente têm caráter ficcional, voltando-se ao imaginário. São as narrativas, os contos, as lendas, fábulas, poemas, enfim, todo o universo da literatura.

FINALIDADE

Mas para que é preciso agrupar os diferentes tipos de textos?

Quando estabelecemos tipologias claras e concisas para os textos, fica mais fácil interpretar e produzir textos que circulam em um determinado ambiente social. Por exemplo: ao nos depararmos com o texto a seguir, à primeira vista já sabemos que se trata de uma receita. Pela forma e pela distribuição do texto no papel, identificamos a parte dos ingredientes e a parte do “modo de fazer”. Isso nos prepara para a leitura e, consequentemente, para a interpretação.

OUTRAS CLASSIFICAÇÕES

Existem muitas formas de classificar os textos de acordo com seus tipos. A cada época da produção textual da humanidade, novas classificações vão surgindo. Isso por causa das novas tecnologias que aparecem ao longo dos anos. Na primeira metade do século XX, por exemplo, não se pensava em textos como e-mail, blog ou homepage. Observe mais esta classificação:

Textos literários    -   conto; novela; obra teatral; poema
Textos jornalísticos    -   notícia; artigo de opinião; reportagem; entrevista
Textos de informação científica   -   definição; nota de enciclopédia; relato de experimento científico; monografia; biografia
Textos instrucionais     -      receita; instrutivo
Textos epistolares  -   carta; solicitação
Textos humorísticos     -      história em quadrinhos
Textos publicitários      -    aviso; folheto; cartaz; outdoor


Alguns pesquisadores da linguagem, consideram, ainda, uma outra forma de classificar os tipos de textos de acordo com as funções das linguagem. As principais são a  informativa, que conduz o leitor, da forma mais direta possível, a identificar e/ou caracterizar as diferentes pessoas, acontecimentos e fatos que constituem o assunto do texto; a literária, que tem como objetivo a intencionalidade estética, utilizando os recursos da língua para dar prazer e produzir mensagem artística, obra de arte; a apelativa, que objetiva modificar comportamentos, e, por fim, a expressiva, que manifesta a subjetividade do emissor, seus estados de ânimo, seus afetos, suas emoções.

Assim, os textos seriam classificados de forma a estruturar os recursos da língua para veicular as funções da linguagem. Teríamos, então, a narração, que apresenta fatos ou ações em uma sequência temporal e causal; a argumentação, que enumera, comenta, explica ou confronta ideias, conhecimentos, opiniões, crenças ou valores; a descrição, que especifica e caracteriza pessoas, objetos, lugares, e a conversação, em que aparece a interação linguística que se estabelece entre os diferentes participantes de uma situação comunicativa.


No entanto, essa classificação não abrange todo o universo de textos encontrados na sociedade, pois os critérios utilizados ora são de proveniência sociolinguística, ora funcional; em outros momentos, abordam apenas as características formais e estruturais. Portanto, um texto precisa ser avaliado a partir de, pelo menos, dois critérios: um linguístico, referente à estrutura do texto; outro situacional, associado à situação comunicativa em que se insere. Além desses dois, também é preciso se preocupar com o fato de o texto pertencer a determinado contexto cultural.



Num ato de comunicação, portanto, os interlocutores, de certa forma, necessitam dominar o tipo de texto utilizado no momento da interlocução. Assim, a compreensão se dará mais facilmente e a comunicação atingirá seu objetivo.

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