De
acordo com as diferentes situações de uso, os enunciados se organizam e se
agrupam em tipos, conforme a finalidade da comunicação. Quando um indivíduo
utiliza a língua para se comunicar, sempre o faz por meio de um tipo de texto,
conscientemente ou não. Nesse sentido, a língua se realiza por enunciados,
orais ou escritos, previamente dominados pelo indivíduo. Caso não fosse assim,
a comunicação se tornaria praticamente inviável.
Os
enunciados são utilizados – de maneira organizada e agrupada – em toda
atividade humana. Essas atividades caracterizam-se por objetivos específicos e
por condições especiais de uso, tornando os enunciados emitidos pelos
indivíduos relativamente estáveis, comumente associados às atividades. Os
enunciados, mesmo variando em extensão, conteúdo e estrutura, conservam
características comuns, e são denominados gêneros do discurso ou gêneros
textuais.
A
primeira classificação que se pode fazer dos textos encontrados com mais
frequência no dia a dia é bastante reducionista e abrangente, provavelmente
herdada da cultura greco-latina. Formam-se dois únicos grupos: o dos textos
literários e o dos textos não-literários. No primeiro grupo, estariam os textos
ligados à literatura e, portanto, ficcionais, como conto, crônica, poesia,
novela etc. No segundo, os informativos: notícias, avisos, propaganda,
outdoors, verbetes enciclopédicos.
Outra
classificação agrupa os textos em três grupos, segundo sua funcionalidade:
Textos
práticos – relacionados às ações do cotidiano, apresentam estrutura simples,
como cartazes, placas, bilhetes, manchetes, notícias, propagandas, relatos;
Textos
científicos – objetivam proporcionar o acesso ao conhecimento das diferentes
áreas do saber. Utilizam uma linguagem mais formal. São os verbetes de
dicionário e enciclopédia, os tratados científicos, matérias jornalísticas e
até as anotações escolares;
Textos
literários – preocupam-se mais com a linguagem e não com a informação.
Geralmente têm caráter ficcional, voltando-se ao imaginário. São as narrativas,
os contos, as lendas, fábulas, poemas, enfim, todo o universo da literatura.
FINALIDADE
Mas
para que é preciso agrupar os diferentes tipos de textos?
Quando
estabelecemos tipologias claras e concisas para os textos, fica mais fácil
interpretar e produzir textos que circulam em um determinado ambiente social.
Por exemplo: ao nos depararmos com o texto a seguir, à primeira vista já
sabemos que se trata de uma receita. Pela forma e pela distribuição do texto no
papel, identificamos a parte dos ingredientes e a parte do “modo de fazer”.
Isso nos prepara para a leitura e, consequentemente, para a interpretação.
OUTRAS
CLASSIFICAÇÕES
Existem
muitas formas de classificar os textos de acordo com seus tipos. A cada época
da produção textual da humanidade, novas classificações vão surgindo. Isso por
causa das novas tecnologias que aparecem ao longo dos anos. Na primeira metade
do século XX, por exemplo, não se pensava em textos como e-mail, blog ou
homepage. Observe mais esta classificação:
Textos
literários - conto; novela; obra
teatral; poema
Textos
jornalísticos - notícia; artigo de opinião;
reportagem; entrevista
Textos
de informação científica - definição; nota de enciclopédia; relato de
experimento científico; monografia; biografia
Textos
instrucionais - receita;
instrutivo
Textos
epistolares - carta; solicitação
Textos
humorísticos - história em
quadrinhos
Textos
publicitários - aviso; folheto; cartaz;
outdoor
Alguns
pesquisadores da linguagem, consideram, ainda, uma outra forma de classificar
os tipos de textos de acordo com as funções das linguagem. As principais são
a informativa, que conduz o leitor, da
forma mais direta possível, a identificar e/ou caracterizar as diferentes
pessoas, acontecimentos e fatos que constituem o assunto do texto; a literária,
que tem como objetivo a intencionalidade estética, utilizando os recursos da
língua para dar prazer e produzir mensagem artística, obra de arte; a apelativa,
que objetiva modificar comportamentos, e, por fim, a expressiva, que manifesta
a subjetividade do emissor, seus estados de ânimo, seus afetos, suas emoções.
Assim,
os textos seriam classificados de forma a estruturar os recursos da língua para
veicular as funções da linguagem. Teríamos, então, a narração, que apresenta
fatos ou ações em uma sequência temporal e causal; a argumentação, que enumera,
comenta, explica ou confronta ideias, conhecimentos, opiniões, crenças ou
valores; a descrição, que especifica e caracteriza pessoas, objetos, lugares, e
a conversação, em que aparece a interação linguística que se estabelece entre
os diferentes participantes de uma situação comunicativa.
No
entanto, essa classificação não abrange todo o universo de textos encontrados
na sociedade, pois os critérios utilizados ora são de proveniência
sociolinguística, ora funcional; em outros momentos, abordam apenas as
características formais e estruturais. Portanto, um texto precisa ser avaliado
a partir de, pelo menos, dois critérios: um linguístico, referente à estrutura
do texto; outro situacional, associado à situação comunicativa em que se
insere. Além desses dois, também é preciso se preocupar com o fato de o texto
pertencer a determinado contexto cultural.
Num
ato de comunicação, portanto, os interlocutores, de certa forma, necessitam
dominar o tipo de texto utilizado no momento da interlocução. Assim, a
compreensão se dará mais facilmente e a comunicação atingirá seu objetivo.
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