quarta-feira, 22 de março de 2017

A atividade da criança na idade pré-escolar


Costuma-se pensar na brincadeira e no jogo como atividades humanas relacionadas â infância. O brincar tem sido definido por vários autores como o trabalho da criança. Na realidade, o jogo e a brincadeira não se restringem somente à infância, embora predominem neste período.
O ser humano caracteriza-se como espécie animal não apenas capaz de executar atividades meramente repetidas através dos tempos, mas de transformá-las continuamente pelo próprio processo de repetição. A atividade humana é historicamente constituída, modificando o indivíduo que, por sua vez, a modifica pelos resultados das próprias ações. Deste modo, não há um protótipo de atividade que ocorra em determinada fase da vida do ser humano, mas sim formas de atividade que mantêm relação íntima com os fatores que compõem o meio no qual ela é gerada e que ocorrem com freqüências variadas, segundo o período de desenvolvimento do homem.
O termo "brincar" serve para designar o conjunto de atividades que se assemelham entre si por seu caráter lúdico. Geralmente os termos mais utilizados para se referir a esta forma de atividade são "jogo" ou "brincadeira". As definições para jogo e brincadeira variam de uma área do conhecimento a outra e mesmo entre teóricos de uma mesma área. Na
Psicologia, por exemplo, o termo "jogo" é o mais utilizado, referindo-se a várias modalidades de ação que a criança realiza ao brincar, as quais, embora tenham em comum a ludicidade, apresentam tais especificidades, de modo que não se pode falar genericamente de jogo infantil.
Brincar é uma atividade universal, encontrada nos vários grupos humanos, em diferentes períodos históricos e estágios de desenvolvimento econômico. Evidentemente, as várias modalidades lúdicas não existem em todas as épocas e também não permanecem imutáveis através dos tempos. Como toda atividade humana, o brincar se constitui na interação de vários fatores que marcam determinado momento histórico sendo transformado pela própria ação dos indivíduos e por suas produções cultural e tecnológica. Os jogos e as brincadeiras são, assim, transformados continuamente.
É importante destacar que o brincar, enquanto atividade, tem nitidamente dois sentidos: um antropológico e outro psicológico.
A brincadeira e o jogo são processos que envolvem o indivíduo e sua cultura, adquirindo especificidades de acordo com cada grupo. Eles têm um significado cultural muito marcante, pois é através do brincar que a criança vai conhecer, aprender e se constituir como um ser pertencente ao grupo, ou seja, o jogo e a brincadeira são meios para a construção de sua identidade cultural.
Enquanto ações humanas, o jogo e a brincadeira são também situações de construção de significado, de indagação e transformação do próprio significado. Longe de promover unicamente uma conquista cognitiva, estas atividades envolvem emoções, afetividade, estabelecimento e ruptura de laços e compreensão da dinâmica interna que perpassa a ligação entre as pessoas.

Um jogo ou brincadeira do qual participem mais de uma pessoa sempre implica trocas, partilhas, confrontos e negociações. A afetividade envolvida nesta ação pode adquirir nuanças variadas, traduzindo-se na alternância de momentos harmônicos e desarmônicos.

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