sábado, 12 de setembro de 2009

O Gato de Botas e sua Moralidade




Conto francês de Charles Perrault integrante da coletânea Contos da Mãe Gansa (1967). Esta obra tem como base o popular e envolvia, muitas vezes, uma moralidade. Não se deve esquecer que este é o momento da França Absolutista, onde a burguesia está ascendendo e há a necessidade de veicular os novos valores que essa transformação social impunha.

Na verdade é um conto maravilhoso, uma vez que não há presença de fadas para incluí-lo como conto de fadas.

As ditas moralidades eram frases escritas em verso no final de cada história que apontavam para normas de comportamento, baseadas no modelo social ideal. Objetivavam evitar problemas de convívio entre os cidadãos.

A moralidade contida em O Gato de Botas trata do destino das pessoas que estavam à mercê do acaso, da esperteza ou da sorte. é a questão da partilha medieval,onde os três irmãos receberiam do pai diferentes heranças: mais velho - moinho, do meio - burro para levar a farinha e o mais moço - um gato que ainda tem de alimentar. Aqui vê-se que os dois mais velhos têm um meio de se sustentar, enquanto o menor ainda gasta para manter viva sua herança. Diante deste quadro adverso e injusto, aparece o elemento mágico/maravilhoso Gato de Botas. Ele é o responsável pelo restabelecimento da justiça, mesmo que para isso tenha de usar meios ilícitos: os fins justificam os meios. O Gato é mágico mas ele usa a burrice humana para conseguir o que quer. Trata-se da moral ingênua (não se sabe tudo ou conhece tudo).

A moral é textualmente a seguinte:

Tenham agudeza no espírito e agilidade nas mãos, / Sejam, em uma palavra, trabalhadores e industriosos e vereis retornar a vós a fortuna / que virará as costas àqueles que a tiveram de nascença / e que não sabendo fazer nada para a conservar quando a tem, saberão muito menos para a conquistar, uma vez perdida.

Fica clara a superioridade atribuída ao burguês trabalhador e dedicado em relação ao nobre que já nasce com a riqueza. Este último está vulnerável, podendo perder esta riqueza por não ser laborioso. O lema "o trabalho enobrece o homem" pode ser enriquecido com "e também enriquece-o". O elemento que aparece para mudar a pobreza do rapaz é o Gato de Botas. Para tanto vários ardis são utilizados para fazê-lo casar-se com a princesa. A genialidade com que é contruída a personalidade falsa do Marquês de Carabás valoriza o grande plano. O fato de ser um gato o elemento mágico pode estar ligada a rapidez e agilidade felinas.

Este conto está relacionado aos ritos de iniciação, que preparava as pessoas para o ingresso na sociedade tratando algum prIncípio social. O Gato de Botas ensina ao futuro chefe (rei - nobre) as exigências de seu novo estado social. Claro que aqui apresenta-se a crítica social à nobreza.

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