A capacitação profissional da pessoa surda deve ser
pensada a partir de uma contextualização do mundo do trabalho, da realidade
político-econômico-social em que o País vive. Atualmente, o brasileiro está
cercado por palavras como "globalização da economia",
"desenvolvimento tecnológico", "automação", "livre
iniciativa". Nesse contexto são valorizadas a produtividade, a excelência,
a qualidade total e a competitividade. As pessoas, tanto ouvintes quanto as
surdas precisam correr atrás disso, ou melhor, correr junto a isso. O desafio é
estarem em constante aprendizado a fim de serem profissionais qualificados em
condições de acesso a este mundo do trabalho.
Como aprendi no Instittuto Nacional de Surdos a capacitação
para o trabalho ou profissional inicia - se desde quando o ser humano começa a
se relacionar com o mundo, com as outras pessoas. O sentido que as coisas e os
fatos vão construindo nas mentes constituem-se em possibilidades para a futura
formação.
Ao
pensar este processo em relação às pessoas surdas é de fundamental importância
incluir, na discussão, a questão da Língua Brasileira de Sinais e da utilização
da Língua Portuguesa. Quanto mais cedo for propiciado o acesso à Língua
Portuguesa e à Língua de Sinais mais efetivamente as pessoas surdas podem se
comunicar com o seu meio, entendendo e se fazendo entender.
Gramsci (1991) define a
relação da escola com a capacitação para o trabalho dizendo que a escola tem o
compromisso com o trabalho de maneira não imediata, ou seja, é uma escola
formativa, de cultura geral, humanista, do trabalho. Esta é uma visão de longo
alcance, onde o componente trabalho está dentro de uma concepção não
imediatamente profissionalizante.
Por
este motivo a capacitação profissional da pessoa surda é um desafio para as
escolas repensarem suas finalidades, seu currículo, suas formas de atuação. É
um direito da comunidade surda se fazer presente nas discussões das políticas
sociais. Tanto a esfera municipal, quanto a estadual e federal, devem estar
atentas aos programas de capacitação profissional e de geração de renda a fim
de que contemplem as necessidades das pessoas surdas. É um desafio à sociedade
que vive cada vez mais uma realidade de exclusão social. Esta não é uma luta de
uma pessoa ou de um grupo. É a luta de muitos e que para ser efetiva necessita
articulação e mobilização.
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