sexta-feira, 8 de julho de 2016

O mercado de trabalho e a inclusão do surdo


A capacitação profissional da pessoa surda deve ser pensada a partir de uma contextualização do mundo do trabalho, da realidade político-econômico-social em que o País vive. Atualmente, o brasileiro está cercado por palavras como "globalização da economia", "desenvolvimento tecnológico", "automação", "livre iniciativa". Nesse contexto são valorizadas a produtividade, a excelência, a qualidade total e a competitividade. As pessoas, tanto ouvintes quanto as surdas precisam correr atrás disso, ou melhor, correr junto a isso. O desafio é estarem em constante aprendizado a fim de serem profissionais qualificados em condições de acesso a este mundo do trabalho.
Como aprendi no Instittuto Nacional de Surdos a capacitação para o trabalho ou profissional inicia - se desde quando o ser humano começa a se relacionar com o mundo, com as outras pessoas. O sentido que as coisas e os fatos vão construindo nas mentes constituem-se em possibilidades para a futura formação.
            Ao pensar este processo em relação às pessoas surdas é de fundamental importância incluir, na discussão, a questão da Língua Brasileira de Sinais e da utilização da Língua Portuguesa. Quanto mais cedo for propiciado o acesso à Língua Portuguesa e à Língua de Sinais mais efetivamente as pessoas surdas podem se comunicar com o seu meio, entendendo e se fazendo entender.
            Gramsci (1991) define a relação da escola com a capacitação para o trabalho dizendo que a escola tem o compromisso com o trabalho de maneira não imediata, ou seja, é uma escola formativa, de cultura geral, humanista, do trabalho. Esta é uma visão de longo alcance, onde o componente trabalho está dentro de uma concepção não imediatamente profissionalizante.
                Por este motivo a capacitação profissional da pessoa surda é um desafio para as escolas repensarem suas finalidades, seu currículo, suas formas de atuação. É um direito da comunidade surda se fazer presente nas discussões das políticas sociais. Tanto a esfera municipal, quanto a estadual e federal, devem estar atentas aos programas de capacitação profissional e de geração de renda a fim de que contemplem as necessidades das pessoas surdas. É um desafio à sociedade que vive cada vez mais uma realidade de exclusão social. Esta não é uma luta de uma pessoa ou de um grupo. É a luta de muitos e que para ser efetiva necessita articulação e mobilização.

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