Todos os problemas que ocorrem na área da linguagem e da fala apresentam dois aspectos importantes que se relacionam, tornando-se ora causa, ora conseqüência:
o psicológico (emocional);
o orgânico
Ao tratarmos do tema das dificuldades ou atraso na comunicação e na linguagem devemos entender o que é dificuldade e o que é comunicação.
Dificuldade: refere-se à ideia de desajuste que uma criança apresenta em relação aos iguais de sua idade. Uma criança que apresenta dificuldade na linguagem não está ajustada ao nível das outras.
Comunicação: desde bebês nos comunicamos, seja através do choro, de uma expressão facial, sorriso, etc. Comunicação são as condutas que a criança ou o adulto realiza intencionalmente para afetar a conduta de outra pessoa com o fim de que esta receba informação e, conseqüentemente atue.
Exemplo: choro do bebê, porém é importante lembrar que, com isto, possa estar manifestando mal estar.
Linguagem, o que é?
Logo vem a mente que é a ideia de falar; linguagem oral. Entendemos que linguagem é falar e entender o que falam.
Costumamos pensar que a criança que tem algum tipo de problema numa destas habilidades (falar e entender), tem, conseqüentemente problemas de linguagem. No entanto a linguagem é mais do que o ato de falar e entender. É uma representação interna da realidade construída através de um meio, uma forma de comunicação socialmente aceita.
Exemplo: linguagem de sinais.
Problemas de Linguagem
Os problemas de comunicação, fala e linguagem ocorrem em crianças com dificuldades neste processo devido a vários fatores que podem ser: emocionais, motores, perdas auditivas, atraso mental, ambiente.
Como identificá-los? Na própria criança. A partir dos 14 meses a criança é capaz de pronunciar palavras com significados e, por volta dos três anos é esperado que ela já tenha a linguagem estruturada. Não ocorrendo, identifica-se atraso de linguagem.
Alguns problemas de fala e de linguagem
Afasia
Afasia: Faz referência a distorções de maior ou de menor grau nos processos de compreensão e/ou produção de linguagem em pessoas que, até então, haviam sido ouvintes.
É decorrente de distúrbios no funcionamento do cérebro.
Ela se caracteriza por falhas na compreensão e nas expressões verbais, relacionadas à insuficiência de vocabulário, má retenção verbal, gramática deficiente e anormal, escolha equivocada de palavras.
O foniatra é o profissional que se encarregará da terapia.
Em certas ocasiões uma vez determinadas por parte de diferentes profissionais, as competências e dificuldades, alguns alunos necessitarão de uma intervenção específica e, com freqüência, individual, que será realizada dentro do âmbito educacional (a cargo de um especialista) ou então no âmbito reabilitador ou clínico de outras instituições.
O professor deve estimular e favorecer situações diárias de aprendizagem:
* deve atuar sobre as variáveis sob seu controle;
* comunicar-se mais e melhor;
* fazer interações entre os alunos e que essas sejam freqüentes, ricas e variadas;
* adaptar-se sempre a criança, construindo “andaimes”;
* partir dos interesses;
* evitar corrigir, pois pode aumentar a sensação de fracasso;
* dar tempo para que ela possa se expressar;
* reforçar êxitos;
* incentivar o uso da linguagem;
* utilizar situações lúdicas;
* trabalhar em conjunto com a família e o profissional da saúde.
Dislalia:
Caracteriza-se por ser um distúrbio na articulação dos sons, devido a dificuldades na discriminação auditiva e/ou praxias bucofonatórias. A criança com dislalia, tem tendência a pronunciar as palavras com omissão, substituição, distorção ou acréscimo de sons.
Disglossia ou dislalia orgânica:
Consiste em dificuldades na produção oral, devido a alterações anatômicas e/ou fisiológicas dos órgãos articulatórios (defeitos na arcada dentária, lábio leporino, freio da língua curto, língua de tamanho acima do normal).
A dislalia que não tem causa organiza é freqüente em filhos caçulas que por terem uma posição importante na família, muitas vezes não necessitam fazer muito esforço para serem compreendidos e assim tendem a conversar as formas de articulação infantis.
Também pode acontecer com filhos de estrangeiros que em casa usam a língua de origem, o que obriga a criança a ter ao mesmo tempo dois sistemas diferentes de articulação.
O tratamento das dislalias consiste em exercícios articulatórios feitos diante do espelho e de treino de movimentação da língua e dos lábios. Os exercícios devem ser conduzidos através de jogos disfarçados, levando em consideração o aspecto emocional, para evitar possíveis traumas.
A dislalia, como todos os problemas de fala, interfere no aprendizado da escrita e para evitá-lo o educador deve ajudar a criança a usar seus órgãos fono articulatórios de maneira adequada.
Sugestões Práticas
Aqui será apresentado alguns exercícios que podem ser úteis para minimizar ou prevenir deficiências de linguagem:
Exercícios para os lábios
• Tocar e massagear os lábios através de movimentos retos e circulares, utilizando a
ponta dos dedos e materiais como cotonetes, esponja, pena, batom, colher etc;
• Tocar os lábios com material quente, frio, áspero, liso;
• Estalar os lábios imitando diferentes animais;
• Vibrar os lábios imitando barulho de carro;
• Soltar beijinhos, fazendo “bico”;
• Sorrir com exagero, de lábios fechados;
• Falar exageradamente u – i com a boca meio aberta;
• Falar exageradamente a – o;
• Segurar um lápis com o lábio superior (fazer bigode);
• Colocar um botão preso a um fio de náilon na frente dos dentes (que deverão permanecer fechados durante o exercício) e pedir à criança que aperte os lábios para prender o botão, enquanto a mão puxa o fio;
• Morder de leve o lábio de cima e o de baixo, alternadamente;
• Movimentar os lábios para o lado direito e esquerdo;
• Apertar os lábios entre os dentes e soltá-los;
• Abrir e fechar, rapidamente, os lábios com os dentes cerrados.
Exercícios para a mandíbula
• Abrir e fechar a boca bem devagar;
• Abrir e fechar a boca rapidamente;
• Bocejar amplamente;
• Mastigar com os lábios fechados;
• Falar ma abrindo bem a boca.
Exercícios para a língua
• Colocar a ponta da língua na lábio de cima e no de baixo, alternadamente;
• Colocar a ponta da língua no canto direito e no canto esquerdo da boca;
• Colocar a ponta da língua em cima, embaixo, num canto e no outro da boca, fazendo uma cruz;
• “Limpar” o lábio superior de um lado a outro, bem devagar;
• “Limpar” o lábio inferior de um lado a outro, lentamente;
• Girar a língua dentro da boca devagar e depois mais rápido;
• Girar a língua passando-a nos lábios, imitando roda gigante. Em seguida fazer “rodagigante” no outro sentido;
• “Lamber” sorvete, pirulito ou doce, colocando a língua fora da boca;
• Imitar gatinho bebendo leite;
• Abrir bem a boca. Lentamente, levar a língua para fora e guardá-la;
• O mesmo exercício anterior, mas guardar a língua rapidamente;
• O mesmo exercício, só que a língua deve sair rapidamente e entrar devagar;
• Deixar a língua dura e depois mole;
• Deixar a língua fina e depois alargá-la;
• Colocar a ponta da língua na bochecha direita e na esquerda, alternadamente, mantendo os lábios fechados;
• “Limpar” o céu da boca com a ponta da língua;
• Colocar o ponta da língua atrás dos dentes de cima e de baixo, com a boca bem aberta;
• Estalar a língua, imitando um cavalinho;
• Vibrar a língua entre os lábios;
• Imitar o barulho de telefone (trrrim).
Exercícios de palato
• Fazer gargarejos;
• Tossir várias vezes;
• Falar ding-dong várias vezes;
• Falar an/a, en/e, in/i, on/o, un/u;
• Falar R, R, R e G, G, G.
Gagueira
A gagueira ou tartamudez é uma das principais formas de disfluência (distúrbios de ritmo), cujo o início mais freqüente ocorre entre os 3 e 4 anos, em torno dos 7 anos e na puberdade atingindo mais o sexo masculino do que o feminino.
A gagueira consiste num distúrbio do fluxo e do ritmo normal da fala que envolve bloqueios, hesitações, prolongamentos e repetições de sons, sílabas, palavras e frases.
Freqüentemente acompanhadas por tensão muscular, rápido piscar de olhos, irregularidades e caretas.
A gagueira pode aparecer no início da aquisição da fala desaparecendo a medida que a sua linguagem evolui e elas se acostumam com a verbalização. Nesse caso, o problema é quase sempre passageiro, considerado uma ocorrência normal do aprendizado, mas quando se observa um prolongamento ou interrupção de sons que iniciam a palavra, a gagueira é patológica.
Existem algumas maneiras de classificarmos a gagueira:
• Quanto aos movimentos:
- simples quando não acompanhada de movimentos;
- associada quando acompanhada de movimentos;
• Quanto à pronúncia:
- repetição da primeira sílaba;
- repetição das consoantes;
- prolongamento da primeira letra, seja consoante ou vogal;
• Quanto ao aparecimento:
- contínua aparece em todas as condições;
- circunstancial aparece em determinadas condições ou situações;
• Quanto à emoção:
- primária quando não está ligada à emoção;
- secundária quando há evidência de componentes emocionais.
A gagueira é um distúrbio de ritmo que não apresenta origem bem definida.
Havendo várias teorias tentando isolar um ou alguns fatores como causas.
Como lidar com a criança gaga
Nos primeiros anos, pode-se tentar corrigir a gagueira obedecendo as seguintes normas:
• Não criticar a criança por sua dificuldade na fala;
• Conversar mais baixo e bem devagar com ela;
• Matriculá-la numa escola pré-primária, para que possa jogar, pintar, brincar, etc.
Para a criança gaga, o papel dos pais é de suma importância, mesmo depois de entrar na escola, pois nesse período ela está fortemente identifica no lar. Sua ambientação escolar, dependerá da atitude do professor, que servirá de modelo para as reações de outras crianças frente às manifestações do distúrbio.
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