segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Brincar: Principal Instrumento para a Aprendizagem


Claudia Spieker Azevedo, Mestra em Psicologia

Sabemos que as crianças brincam desde os tempos mais remotos de nossa história. Brincam de casinha, de professora, de cuidar de bebês, com os carrinhos, constroem torres e tantas outras situações. Mas por que o brincar povoa tão intensamente o cotidiano infantil? As crianças brincam para compreenderem o mundo que as cerca. Verificamos, no contexto da educação infantil, que para compreenderem o mundo adulto fazem uso de alguns objetos, transformando-os de acordo com suas necessidades, para representar situações já vivenciadas ou pessoas de seu convívio.

Segundo Moyles (2002) o brincar também possibilita que o cérebro se mantenha ativo. Ao brincar o participante sente-se desafiado a dominar o que já lhe é conhecido, como também busca investigar o que de novo a situação lhe propõe. Em função disso, o brincar, em todas as idades, é realizado por prazer possibilitando uma atitude positiva diante da vida.

Mas qual o papel do professor em relação brincar de seus alunos? Encontramos, no meio educacional, uma forte tendência em valorizar a observação das brincadeiras infantis, muitas vezes, como um fim em si mesmo. A observação é fundamental para que os professores possam compreender as necessidades das crianças, o seu nível de desenvolvimento e sua forma de organização e, assim para planejarem a sua ação educativa, ou seja, é um importante meio para sustentar a intervenção pedagógica e garantir uma aprendizagem significativa.

Dentro desta perspectiva, o professor é um mediador entre a atividade de seus alunos e os recursos disponíveis e deve garantir, através de suas ações, que a aprendizagem de seu grupo seja contínua. Para tanto, precisa oferecer uma variedade de materiais adequados às necessidades observadas, como também alternar situações de brincar livre com situações de brincar dirigido.

Observamos que as crianças pequenas, por exemplo, nas primeiras explorações do "Legão" (jogo de encaixe com peças grandes) pegam esse material e colocam na boca, atiram no chão, sentam em cima, enfim realizam diversas explorações. Na medida que a professora senta junto e brinca, encaixando algumas peças, construindo estradas e torres o grupo começa a buscar realizar tais ações. Essas ações passam, então, a fazer parte do repertório desse grupo gradativamente em situações posteriores. O mesmo acontece quando as crianças começam a jogar memória. Inicialmente envolvem-se em olhar os desenhos, constroem pilhas com as peças, fazem trilhas para os bonecos percorrerem e outros. Porém ao se familiarizarem com a dinâmica do jogo passam a buscar uma "forma" de jogar, mesmo que ainda nas primeiras tentativas não respeitam as regras convencionais. Muitas vezes, o professor pode optar em simplesmente achar as figuras iguais que estão viradas para cima.

De acordo com a autora já citada, o planejamento de situações de brincar com a participação do professor possibilita uma ampliação das possibilidades de interação de seus alunos com o material utilizado e, desta forma, permite que nas situações de brincar livre posteriores novas condutas sejam utilizadas pelas crianças de forma espontânea, levando-as a um estágio mais avançado.

O processo do brincar é cíclico, sendo representado através de uma espiral.

Longe de ser uma atividade supérflua, para o "tempo livre...” o brincar, em certos estágios iniciais, pode ser necessário para a ocorrência e o sucesso de toda a atividade social posterior.
 

Bibliografia:

MOYLES, Janet R. Só brincar? O papel do brincar na educação infantil.
Porto Alegre: Artmed Editora, 2002

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