Há alguns anos a
cantora Rita Lee gravou uma música de grande sucesso, "Saúde", em que
se dizia a certa altura: "Como vai? Tudo bem. Apesar, contudo, todavia,
mas, porém..."
Com exceção da palavra "apesar", temos aí uma lista de advérbios
adversativos:
contudo - todavia - mas - porém - entretanto
Na vida escolar
acabamos memorizando pequenas listas como essa. E memorizamos também que a
palavra "e" é uma conjunção aditiva, transmitindo a ideia
de soma. "Aditiva" vem de "adição"; ambas são palavras
cognatas.
Mas será que o
"e" é sempre usado estritamente para somar? Veja este trecho da letra
de "Te ver", canção gravada pelo grupo mineiro Skank:
Te ver e não te querer
é improvável, é impossível
Te ter e ter que esquecer
é insuportável, é dor
incrível...
Agora compare as
frases abaixo:
Te ver e não te querer...
Ele estuda e trabalha.
Na sua opinião, a
palavra "e" tem o mesmo sentido em ambos os casos? Repare como na
primeira frase o "e" pode ser substituído pelo advérbio
"mas":
Te ver, mas não te querer
Veja outros
exemplos em que o "e" aparece na frase com um matiz adversativo:
Deus cura e o médico manda a conta
Deus cura, mas o médico manda a conta
O amor é grande e cabe no breve ato de beijar
O amor é grande, mas cabe no breve ato de beijar
A conjunção
"e", fundamentalmente aditiva, pode ganhar, conforme o contexto, uma
tonalidade mais adversativa, ainda que continue, sintaticamente, a funcionar
como aditiva.
Nenhum comentário:
Postar um comentário