· I - LITERATURA
INFORMATIVA
O que é?
· É um tipo de
literatura composta por documentos a respeito das condições gerais da terra
conquistada, as prováveis riquezas, a paisagem física e humana, etc.
· Em princípio, a
visão europeia é idílica: a América surge como o paraíso perdido e os nativos
são apresentados sob tintas favoráveis. Porém, na segunda metade do século XVI,
à medida que os índios iniciam a guerra contra os invasores, à visão rósea
transforma-se e os habitantes da terra são pintados como seres bárbaros e
primitivos.
Principais
manifestações:
· A Carta de Pero Vaz
de Caminha:
· Descrição minuciosa
da nova realidade; -- A simplicidade no narrar os acontecimentos;
· A disposição
humanista de tentar entender os nativos; -- O ideal salvacionista.
· Duas viagens ao
Brasil, de Hans Staden - Viagem à terra do Brasil, de Jean de Léry.
· Relato de viajantes
que viveram entre os índios vários meses.
· Registro da
antropofagia e descrição dos costumes indígenas.
· II - LITERATURA
JESUÍTICA
José de Anchieta
Obras refinadas:
poemas e monólogos em latim que parecem destinados a satisfazer suas
necessidades espirituais mais profundas.
Obras didáticas:
hinos, canções e especialmente autos, que visavam infundir o pensamento cristão
nos índios.
Os autos: Obras
teatrais onde o autor tenta conciliar os valores católicos com os mitos
indígenas.
Há um confronto entre
o bem e o mal. O bem é defendido por santos e anjos, os quais expressam o cristianismo
e subjugam o mal, constituído por deuses e pajés dos nativos, misturados com os
demônios da tradição católica.
· III - BARROCO
Surgimento: Europa,
meados do século XVI - Brasil, início do século XVII. (Lembrar que, no Brasil,
a literatura barroca acaba no século XVII, junto com o declínio da sociedade
açucareira baiana. Contudo, na arquitetura e nas artes plásticas, o estilo
barroco atingirá o seu apogeu apenas nos séculos XVIII e início do XIX, em
Minas Gerais.)
Variações barrocas:
cultismo (exagero e rebuscamento formal) e conceptismo (exagero no plano das
ideias) são manifestações de excesso da literatura barroca.
Características:
1)
Arte
da Contrarreforma, expressando a crise do Renascimento, com a destruição da
harmonia social aristocrática-burguesa através das guerras religiosas. Os
jesuítas que surgem, neste período, combatem os protestantes e espalham pelo
mundo católico a sua implacável ideologia teocêntrica.
2)
Conflito
entre corpo e alma. Dividido entre os prazeres renascentistas e o fervor
religioso, o homem barroco oscila entre:
· a celebração do corpo, da vida
terrena, do gozo mundano e do pecado;
· os cuidados com a alma visando à
graça divina e à salvação para a vida eterna.
3)
Temática
do desengano (o desconcerto do mundo): a vida é breve, a vida é sonho, viver é
ir morrendo aos poucos. Aguda consciência da efemeridade da existência e da
passagem do tempo.
4)
Linguagem
ornamental, complexa, entendida como jogo verbal, cheia de antíteses,
inversões, metáforas, alegorias, paradoxos, ausência de clareza. É um estilo
complicado que traduz os conflitos interiores do homem barroco.
Autores barrocos:
1)
Gregório
de Matos (Boca do Inferno)
Poesia religiosa -
Apresenta uma imagem quase que exclusiva: o homem ajoelhado diante de Deus, implorando
perdão para os pecados cometidos.
Poesia amorosa - Tem
uma dimensão elevada ("d"), muitas vezes associada à noção de
brevidade da existência, e uma dimensão obscena, onde a explosão dos sentidos
(em versos crus e repletos de palavrões) representa um protesto contra os
valores morais da época.
Poesia satírica -
Ironia corrosiva e caricatural contra todos os setores da vida colonial baiana:
senhores de engenho, clero, juízes, advogados, militares, fidalgos, escravos,
pobres livres, índios, mulatos, mamelucos, etc.
Com seu olhar
ressentido de senhor decadente, Gregório de Matos vê na realidade apenas
corrupção, negociata, oportunismo, mentira, desonra, imoralidade, completa
inversão de valores. A poesia satírica, portanto, para ele é vingança contra o
mundo.
2)
Padre
Antônio Vieira
Os Sermões
· Utilização
contínuas de passagens da Bíblia e de todos os recursos da oratória jesuítica
para convencer os fiéis de sua mensagem, mesmo quando trata de temas
cotidianos.
· Ataca os vícios
(corrupção, violência, arrogância, etc.) e defende as virtudes cristãs
(religiosidade, caridade, modéstia, etc.)
· Combate os hereges,
os indiferentes à religião e os católicos desleixados em relação à Igreja.
· Defende abertamente
os índios. Mantém-se ambíguo frente aos escravos negros: ora tenta justificar a
escravidão, ora condena veementemente seus malefícios éticos e sociais.
· Exalta os valores
que nortearam a construção do grande império português. E julga (de forma
messiânica) que este império deveria ser reconstruído no Brasil.
· Propõe o retorno dos
cristãos novos (judeus) a territórios lusos como forma de Portugal escapar da decadência
onde naufragara desde meados do século XVI.
· Apresenta uma
linguagem de tendência conceptista, de notável elaboração, grande riqueza de ideias
e imagens espetaculares. Fernando Pessoa o chamaria de "Imperador da
Língua Portuguesa".
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